21 de ago. de 2011

Tipos de Ateus

O que leva uma pessoa a abandonar as instituições religiosas e mesmo a idéia de um Ser Metafísico?


Baseado em minhas reflexões, no meu filosofar, digamos assim, criei uma tipologia de ateus.


Penso que ela explica bem o fenômeno do neo-ateísmo, do qual sou ativista.


Vamos lá..




1 - O pseudo-ateu


Estes supostos ateus têm sentimentos ruins para com Deus. Se dizem ateus, mas na verdade ainda acreditam na existência do Metafísico: estão apenas zangadas com ele, por questões pessoais. A grosso modo, não é de fato um ateu: apenas um religioso ressentido.


Ex: Joãozinho, que se diz ateu porque isso o torna "cool" e faz seu pai, rabino, ficar furioso.





2 - O ateu fanático



Aqui a pessoa já entende que Deus não existe. Não pensa e nem sente nada quanto a esse assunto. Porém substitui Deus por outros tapa-buracos: a Pátria, o trabalho, a cultura erudita, a Natureza, etc. Ou seja, continua agindo como um fanático, mas apenas um outro tipo de fanático.


Essas pessoas costumam odiar os que acreditam em Deus, e vê-lo como inimigos ou idiotas. Tentam "converter" pessoas ao ateísmo. Ao fazer isso nem sequer notam que estão agindo como os fanáticos religiosos...





"- Mas este panfleto está em branco
- Nós somos ateus"




3 - O Niilista


Nem Deus e nenhum substituto no lugar dele. A pessoa se sente livre e se recusa a seguir qualquer lei, instituição, tradição moral, etc. Tornam-se indiferentes ou até mesmo, em alguns casos, antiéticos.


Estão aqui os niilistas, e todos os que crêem que, já que só existe o mundo material, então podemos fazer o que bem entendermos da vida, pois não haverá consequências.


Ex: góticos (cultura que inclusive adotou referências estéticas dark e satânicas também como metáfora para a negação de Deus e seus valores).

4 - O Existencial


Estes ateus entendem as implicações éticas de sua posição na sociedade. Vê-se como alguém que "acordou pra verdade", e se preocupa com as pessoas que ainda vivem iludidas pelas instituições religiosas. Procura ser ético, como um humanista secular.

Procura também defender o ateísmo como filosofia necessária, mas sem ser dogmático ou proselitista, apenas direto e seco.


Ex: Sartre.



O fato de Deus não existir nos torna livres
para encarar a angústia da vida,
e responsáveis nós mesmos por resolvê-la.




5 - O Racional



Este ateu entende, por causa de uma vida dedicada a racionalidade e a ética, que o ateísmo é algo que deve ser superado.


Por que, afinal, se declarar ateu? ("Sem-deus", etmologicamente).


Ora, sabemos que gnomos não existem, mas não saímos por aí nos dizendo "agnomistas".


Não é preciso se declarar agnomista: basta dizer que é cético (Isso engloba não crer em qualquer entidade mágica). Entendendo aqui o ceticismo como um exercício saudável do questionamento racional.



Contudo, sentimos necessidade, de alguma forma, de dizer que somos "ateus". Mas para quê? Para que negar Deus, se ele não existe?



Ao compreender que o ateísmo é, no fundo no fundo, tão irrelevante quanto o conceito do Metafísico, a pessoa entende que as verdadeiras questões as quais ela precisa se debruçar são a vida, ao aqui-e-agora, a humanidade, ao planeta, ao futuro.


Nem tenta tornar as pessoas atéias: procura as ajudar e amar, como seres humanos, e acha completamente irrelevante suas questões metafísicas, pois na verdade as verdadeiras questões de suas vidas (amor, sofrimento, felicidade, etc) não são metafísicas!


Chega-se ao pós-ateísmo: a pessoa está completamente livre do conceito do Metafísico (incluindo aqui qualquer ilusão que lhe pertube a consciência da vida e da morte, e não apenas Deus), e por isso plenamente dedicada a felicidade aqui e agora para si e para os outros.



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