21 de ago. de 2011

Dr. Sheldon Cooper como Analista do Comportamento

Vocês curtem “Big Bang Theory”?

No episódio 3 da temporada 3 vemos Sheldon dando uma de behaviorista!

Mas será que ele se saiu bem?



Sheldon, lidando com comportamentos
dos outros? Xiiii ....

Neste post defenderei que o ultra-nerd Sheldon Cooper, brilhante Físico Teórico, comete ao menos seis consideráveis falhas quando resolveu aplicar Análise do Comportamento.

Eis o que houve: Sheldon queria que Penny, a namorada de seu amigo Leonard, o tratasse melhor, por isso fez uso de um “inofensivo procedimento comportamental”.




"Aceita um chocolate?"

Em síntese, Sheldon recompensava toda e qualquer resposta da classe “tratar o Sheldon bem” emitida por Penny com um chocolate. Com esse operante de Penny reforçado a relação de Penny e Sheldon melhorou substancialmente, mas Leonard sentiu-se incomodado de ver sua garota sendo “treinada como um rato de laboratório”.

Onde Sheldon falhou?

1) Estranha referência teórica


Achei engraçado Sheldon afirmar que estar aplicando Thorndike e B. F. Skinner.

Hmmm... Skinner, ok, fez sentido. Mas Thorndike? Além de ser uma referência “pré-histórica” trata-se também de um trabalho focado em aprendizagem de solução de problemas (não tem tanto a ver com o procedimento feito em Penny, a não ser pela evidente aplicação da Lei do Efeito).

A parte do Thorndike não está errada, mas ficou um pouquinho deslocada, Sheldon!

2) Péssima escolha de reforçador

Leonard tem um bom ponto, não acham? O reforço escolhido por Sheldon não foi apropriado. Tornou o procedimento muito parecido mesmo com adestrar um bicho.


A natureza do reforçador determinou uma topografia inconveniente do reforçar de Sheldon. Vejam:


Penny, sexy como sempre...

Quem sabe se ao invés de dar chocolate Sheldon apenas sorrisse ou procurasse ser gentil? Essa categoria de reforço, social, não iria incomodar Leonard e até poderia funcionar melhor em Penny, quem sabe, do que chocolate.

3) Personalidade?

A um dado momento, Sheldon diz para Leonard que está “polindo a personalidade de Penny”, gerando alguns ajustes...

"Personalidade" é uma ficção explanatória. Um conceito mentalista muito pobre para explicar o comportamento de uma pessoa. Um behaviorista jamais daria uma explicação técnica usando esses termos, Sheldon. Diria algo como: “Estou trabalhando os comportamentos de Penny” ou “Estou mexendo no repertório dela”.

4) Ética


Leonard diz que Sheldon não pode prosseguir com o procedimento. Sheldon diz: “Me parece que posso”. Leonard: “Sim, mas não deve”.

Trata-se de uma discussão ética, para Leonard, e técnica, para Sheldon. Neste caso, dou ganho de causa para Leonard, pois se Sheldon tivesse escolhido melhor o reforçador (item 2), esse dilema ético não teria surgido.

5) Coerção


Quando Leonard resolve proibir o procedimento de Sheldon, a reação do nosso behaviorista de araque é muito inapropriada.


Imediatamente ele faz uso de um procedimento punitivo, espirrando água no rosto de Lenny:



Ora, um behaviorista que não sabe lidar com conflito reforçando positivamente, e já vai logo partindo para métodos coercitivos? Sheldon não leu Murray Sidman!

6) Falta de conhecimento sobre motivação


No final do episódio, Sheldon fica surpreso com algo. Penny chama Leonard para irem para transar no apartamento dela, e ele obedece imediatamente. Sheldon faz um comentário: “Interessante. Sexo funciona melhor que chocolate para modificar comportamento. Imagino se mais alguém chegou a essa conclusão”.

Nesse momento vemos Sheldon refletindo se ele não havia escolhido o reforçador errado, mas tarde demais, ora essa: ele deveria ter refletido sobre isso enquanto estava fazendo o design do procedimento.

Ora, ora, ora, Sheldon... Você que lê tanto nunca entrou em contato com o conceito de Operação Motivadora?

Estar privado de sexo (caso eterno de Leonard) é uma operação motivadora que torna o chamado sexual de Penny totalmente irresistível.


"Quer dizer que eu fiz algo errado?"

Pois é, Dr Cooper! Ser Analista do Comportamento não se resume a ter conhecimento intelectual e alguma habilidade prática. Envolve sim sensibilidade para com os outros.

E, além dessa empatia, uma boa dose de habilidades sociais (tão ausente no repertório de Sheldon Cooper) é indispensável.

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