21 de ago. de 2011

Percy Jackson

Vocês sabiam que doenças entram e saem de moda, como roupas?

Inclusive há fenômenos curiosos, relacionados a histeria de massa (e afins). P.e., quando começou-se a falar muito de LER, milhares de pessoas apareceram, magicamente, com os sintomas. Anorexia, dizem uns, é uma epidemia fortemente determinada pelos padrões de beleza ditados pela mídia.




Nesse contexto, fiquei surpreso com o filme infanto-juvenil "Percy Jackson e os Olimpianos - O Ladrão de Raios". O protagonista, Percy, é o filho do deus Poseidon. Mas antes de descobrir isso, ele era um "perdedor", i.e., um garoto cheio de problemas e sem sucesso na escola e na vida.


Dentre alguns de seus problemas, Percy tinha 2 doenças: TDAH e dislexia.


Porém Percy descobre que os médicos estão errados. Seu TDAH é na verdade uma expressão de seus super-reflexos em combate: ele é desatento na escola, mas um exímio guerreiro. 


Já sua dislexia ocorre porque seu "cérebro funciona em grego antigo" (sic), por isso ele tem dificuldade em ler em inglês.






Em nenhum instante Percy trata seus transtornos, porque passa a vê-los como dons. Permanece desatento e hiperativo, mas agora hábil em combate e entendendo grego antigo.


Ao menos 2 problemas são gerados com isso:


1) Os fãs de Percy podem achar que é "legal" ter transtornos psiquiátricos, pois são como superpoderes. Daí entra em moda entre muitos garotas e garotas dizer que é disléxico, quando na verdade apenas não gostam de ler e afins. Eu mesmo já presenciei conversas entre jovens dizendo coisas como: "Eu adoraria ser disléxico", "Gente TDAH é tão divertida", etc.


2) Ocorre também uma provável "pseudo-epidemia" de TDAH e Dislexia entre fãs de Percy Jackson. Estes podem acreditar que têm de fato esses problemas, por pura identificação com o herói. Caso parecido ocorreu recentemente na cidade do México, onde nada mais nada menos que 600 garotas somatizaram doenças por histeria coletiva.


O personagem Percy recebeu um diagnóstico errado de TDAH e Dislexia, mas na vida real quem pode receber algo equivalente são seus leitores! (Ao acreditarem ou quererem ter esses quadros clínicos, podem desenvolver sintomas deles, por somatização).


Portanto, acho que escritores e roteiristas deveriam ter mais cuidado ao sugerir aos jovens fãs de heróis que "doenças mentais" podem ser super-poderes disfarçados.

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