21 de ago. de 2011

Por que falamos palavrões?

Palavrões... Por que falamos? De onde veio essa prática? Por que há regras para regular o uso dessas palavras? (P.e., diz-se que nem crianças e nem "mulheres de classe" podem falar palavrão, mas homens podem. Podem, mas não devem em todas as ocasiões... Por que essas regras?).

Quanto mais palavrões falamos, mais estamos próximos de assuntos "grosseiros" (corpo, sexo, hostilidade, emoções) e, por tabela, distante da racionalidade de um discurso "fino". OBS: Claro que a noção de "grosso" e "fino", neste caso, é cultural, isto é, depende das contingências!


O palavrão seria um comportamento verbal que enfatiza a emocionalidade do discurso, i.e., que explora a função fática da linguagem. (Dizer uma coisa de forma a destacar o enunciado).


Talvez por isso o palavrão seja interditado para crianças e em condições sociais mais "finas", pois ele é oriundo de e associado a contingências de emoções fortes, como o sexo e a violência (e por vezes, aos dois juntos!).
A seguir, algumas funções do palavrão na fala:


1) Intensificar


Se você diz: "Eu gosto disso" é uma coisa, mas se diz "Gosto disso pra caralho!" subentende-se que gosta muito. Da mesma forma, tomemos o diálogo:


- Impressionante, né?


- Porra!!!!


O palavrão "porra", nesse contexto, funciona como "Estou muito impressionado".

2) Hostilizar


Trata-se dos xingamentos.


"Não gostei do seu trabalho lá. Você é mesmo um filho-da-puta, hein!". Nesse caso, preferiu-se usar um palavrão a uma descrição mais racional de contingências, como por exemplo "incompetente".


"Quer saber? Vai se fuder!" equivale a um "Não quero saber de você" (mas dito de forma hostil).


3) Sensualizar


Os palavrões também podem despertar tensão erótica. Seria o caso do sexo verbal: "Ah, minha nossa, adoro sua bunda tesuda!" é uma versão nada romântica de "Querida, acho você linda".


Assim como "Quero fuder com você" é um tratamento direto e sem sentimentalismo, comparado com "Vamos fazer amor". Aqui chegamos a um ponto importante: o palavrão é uma negação da polida racionalidade, mas também é incompatível com respostas sentimentais delicadas. (Talvez por isso seja considerado deselegante para mulheres. Mas claro que há exceções, de mulher que até fica famosa por falar palavrão:

4) Descontrair


Não esqueçamos também que o comportamento de falar palavrão, por ser regido por muitas regras, acaba gerando surpresa e risos quando emitido de forma indiscriminada. Fomos condicionados a achar palavrão uma coisa feia e, como consequência, quando ouvimos alguém falar um de forma descontraída e bem-humorada, há grandes chances daquele ato gerar um efeito de "Ok, cara, pode relaxar".


O falar palavrão indiscriminadamente geraria o alívio da tensão oriunda da sanção social. De repente, não seremos mais punidos por isso, o que nos relaxa, e cria um ambiente de descontração, humor.


Aliás, talvez por esse efeito de descontração o palavrão seja vetado em ambientes profissionais que prezam pela seriedade e formalismo (Apesar de ser comum ver grandes executivos soltando "merda", "puta-que-pariu" e afins em reuniões. Bom, mas eles são gente importante, né? As regras de uma cultura costumam fazer distinção de pessoas).


Um exemplo de palavrões para fazer rir



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