25 de ago. de 2011

ANDERS BEHRING BREIVIK – MASSACRE EM OSLO, NORUEGA



Anders Behring Breivik, de 32 anos, matou 77 pessoas em 22 de julho de 2011, em Oslo, capital da Noruega.

Tudo começou com uma grande explosão de um carro bomba, em Oslo, que destruiu boa parte do prédio do primeiro-ministro norueguês (que não estava lá no momento do ataque). Oito pessoas morreram. O temor inicial é que se tratasse de um ataque terrorista perpetrado por islâmicos radicais – ironicamente, Anders é contra o islamismo (e ligado a grupos neonazistas). Mais ironicamente ainda, logo após o atentado, alguém postou em um fórum de internet uma falsa reinvidicação de autoria, atribuindo a explosão a um grupo islâmico…

Isto tudo deveria servir para reduzir a impressão de que apenas os radicais islâmicos são perigosos, mas é improvável que esta revisão aconteça, embora muita discussão, muita mesmo, será gerada por conta deste massacre, de agora em diante (já começou – inclusive com políticos aplaudindo Anders – veja aqui). Talvez fosse este o objetivo de Anders, que apoiava o cristianismo de extrema-direita…

Em maio, Anders Behring Breivik havia comprado seis toneladas de fertilizante, e possivelmente usou o produto na fabricação do explosivo.

Após a explosão, Anders se dirigiu à ilha de Utoya, a quarenta quilômetros de Olso. Armado, disse a jovens que estavam em um acampamento que seria responsável pela segurança deles – e logo começou a atirar. Enquanto isto, escutava no seu Ipod a dramática música instrumental Lux Aeterna, de Clint Mansell (composta para o filme Réquiem para um Sonho).

Escute Lux Aeterna, de Clint Mansell (a música começa aos 23 segundos):

O massacre durou mais de uma hora. Dezenas de pessoas morreram imediatamente. Outras, feridas, morreriam depois. Foram quase 70 os mortos na ilha. Muitos dos jovens no acampamento pertenciam à ala jovem do Partido Trabalhista norueguês, e a escolha destas vítimas também parece ter sido intencional. Um sobrevivente disse que Anders gritava que iria matar todos, que todos iriam morrer (o sobrevivente escapou porque se fingiu de morto). Alguns conseguiram fugir nadando, desesperados.

Anders Behring Breivik, loiro, alto e atlético, logo foi detido, sem resistir, e não negou os crimes. Disse inicialmente, segundo seu advogado, que seus atos foram “atrozes, mas necessários”.

Anders não tinha antecedentes criminais e entrou subitamente para a lista dos autores dos maiores assassinatos em massa de todos os tempos.

Talvez Anders tenha sido auxiliado por alguém, no tiroteio. No dia seguinte, um jovem foi preso com uma faca, próximo a um líder do governo que consolava familiares das vítimas.

A pergunta que fica é: o autor do massacre de Oslo é louco ou ativista político extremista? Ou as duas situações são inseparáveis? (Analisando a situação como psiquiatra, tendo a ficar com a seguinte hipótese, por enquanto: Anders está mais para transtornado mental que para um ativista sério. Anders disse que agiu em conjunto com duas outras células – mas a participação de outros não foi confirmada ainda. Pelo contrário, foi negada, em 27/07, pelo serviço de inteligência norueguês – fonte.)

Massacre em Oslo – notícias atuais

2083 - Anders Behring Breivik24/07 – Foi divulgado que Anders é o autor de um longo manifesto, publicado na internet antes dos ataques, assinado pelo codinome Andrew Berwick. Intitulado “2083 – Uma declaração de independência européia”, o manifesto diz que o massacre vinha sendo planejado há dois anos e fala sobre “o uso do terrorismo como um meio de despertar as massas”. O autor assume que será visto como “o maior monstro nazista desde a II Guerra Mundial”.

O Brasil também é citado no manifesto, como um exemplo de que a miscigenação de raças atrapalha o desenvolvimento de um país (saiba mais: aqui).

O manifesto, entretanto, também traz dados da vida cotidiana de Anders. O cristão fervoroso relata que queria, antes de cometer os atentados, beber um bom vinho e sair com duas prostitutas de alto nível…

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O advogado de Anders disse, dia 26/07, que “tudo indica que ele está louco” (mais informações aqui). Pode ser uma estratégia de defesa? (Não acredito nisto, porque, se o autor do massacre fosse um ativista político lúcido, não iria querer que seu ato fosse visto como atos de um insano, pois isto invalidaria todas as suas ideias. Aliás, se ele fosse realmente lúcido, querendo condenar o Islã, melhor teria sido planejar de maneira que se pensasse que o massacre fosse obra de muçulmanos…)

Entre os comentários mais bizarros sobe o massacre em Oslo, a medalha de ouro vai para o cantor Morrissey, líder da extinta banda The Smiths, hoje artista solo que, em um show, antes de cantar a música Meat is Murder (Carne é Assassinato), disse que o que Anders Behring fez “não é nada comparado com o que faz todo os dias o McDonalds”… ¬¬

O mais emotivo, por outro lado, foi uma carta publicada por um dos sobreviventes do massacre, onde afirma que “Nós não respondemos o mal com o mal, como você faria. Nós combatemos o mal com o bem. E nós ganhamos.” (A íntegra da carta pode ser lida aqui.)

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08/08/11 – Foi relatado pelos investigadores do massacre que exames de sangue confirmaram que, no dia dos ataques, Anders Behring estava sob efeito de drogas, porém não se divulgou quais seriam as substâncias que ele teria utilizado (fonte).

A intoxicação não explica os fatos, já que foram planejados por um longo período. Porém, o uso crônico de drogas pode (pode!) ter algo a ver com o seu aparente transtorno delirante.

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A comida que Anders recebe na prisão passa por testes, para evitar que seja envenenado.

O atirador da Noruega disse que colaborará com as investigações sobre a existência de outras células terroristas, desde que suas condições sejam atendidas. Quais são? Coisa-à-toa… O rei da Noruega deve abdicar, todos os governos de esquerda da Europa devem renunciar, Anders deve assumir o comando das Forças Armadas na Noruega e fazer um pronunciamento na televisão… Por aí vai…

Louco? Quem poderia dizer? Os psiquiatras japoneses, apenas, que, segundo Behring, são os únicos capazes de entender a noção de honra…

Ah, Anders também solicitou cigarros… O único pedido que deverá ser atendido…

(Fonte: revista Veja, edição 2229.)

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