21 de ago. de 2011

Apreciação Estética & Controle de Estímulos


Em outro post aqui já falei sobre como o efeito estético ocorre quando, nas palavras de Kant, experimentamos subjetivamente uma sensação universal de Belo.

Hoje desejo falar sobre outro aspecto comportamental da estética: o que muitos autores chamam de atitude de apreciação, e outros de frequentação.

A grosso modo trata-se do fato de que há condições que tornam mais provável o comportamento de apreciar esteticamente algo. Ou, falando analitico-comportamentalmente, há um controle de estímulos por trás de toda relação estética.
O contexto de um museu aumenta as chances de
uma atitude de apreciação de itens em exposição

P.e., diz-se que um museu é um estímulo contextual determinante para contemplar quadros, ao passo que virtualmente qualquer coisa exposta nele torna-se “obra de arte”.

As palavras do crítico também costumam determinar
uma maior ou menor atitude de apreciação de uma obra

Ouvir uma pessoa confiável dizer que um quadro é “muito bom” também pode funcionar como estímulo discriminativo para apreciá-lo (Por isso diz-se que por vezes quem faz a obra de arte é na verdade o crítico).

Tomemos um exemplo particular meu de como a apreciação estética depende de controle de estímulos...


Depois de muitos anos sem ouvir Legião Urbana, sem “frequentar” a obra, baixei a discografia completa na última 6a a noite e passei a madrugada de sábado ouvindo as músicas.


Passei um bom tempo (horas?) apreciando-as sozinho, concentrado e em algum momento comecei a ter fortes recordações bem emocionais de uma outra época da minha vida, nos anos 1990, quando conheci a banda através de minha irmã, que era uma grande fã do Legião.


Foi mesmo um intensa experiência sentimental / estética que tive!

Em resumo, o controle de estímulos que estava determinando pela apreciação estética do Legião Urbana naquele momento pode ser resumido assim:

Classe de Estímulos Estímulos presentes
Contextuais Sábado de madrugada
Meu quarto
quietude e privacidade
Condicionais Estar sozinho
Recordações do meu passado
Recordações da minha irmã
Discriminativos Músicas do Legião Urbana


Ouvir Legião, nas condições de controle de estímulo tabeladas a cima, fez com que eu me desse conta de quanto eu sentia saudades da minha irmã. Um sofrer encoberto, misto de alegria e tristeza, veio à tona.


Claro que as letras quase sempre melancólicas combinadas com um rock animado da banda ajudaram a determinar isso, mas a associação sentimental do Legião para com minha irmã era bem mais ampla...


Obs: Uma associação por proximidade, visto que os 2 estímulos foram pareados no meu histórico.



E ali, nesse contexto, tive como efeito desse controle de estímulos uma profunda experiência estética ouvindo Legião Urbana. Um efeito muito reforçador desse ouvir, aliás! Certamente voltarei a “frequentar” o Legião outras vezes, agora...

Para mim, ouvir Legião Urbana sozinho, numa madrugada de sábado, é a chave para me deliciar com a banda. Outras pessoas terão experiências parecidas em outras condições.

Quais contingências favorecem
o seu apreciar música ?

A experiência estética, como espero ter deixado claro neste post, surge como efeito de uma determinada forma de se comportar (que chamei de "atitude de apreciação"). Por isso essa experiência também é determinada por contingências de reforçamento.

Com vocês, minha música favorita do Legião:




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